terça-feira, 2 de agosto de 2011

RESUMO


FACULDADE DE TEOLOGIA E EDUCAÇÃO DA AMAZÔNIA
COLEGIADO DO CURSO DE PEDAGOGIA
DSICIPLINA: Estágio: Escola e Sociedade
Discente: Zélia Aparecida de O. Correia
Docente: Sueli Arza Guasalua



A RELAÇÃO EDUCAÇÃO E SOCIEDADE

O autor inicia com uma investigação aos clássicos do pensamento social e a visão de alguns autores sobre o papel da educação na sociedade. Durkheim, por exemplo, parte do ponto de vista que o homem é egoísta, que precisa ser preparado para sua vida na sociedade e quem realiza esse processo é a família e a escola (instituição). Esta é uma posição que rejeita a visão psicologista. Para Talcott Parsons a educação é entendida como socialização. Parsons admite a visão psicologista e ambos veem a educação fundamentada nos princípios da continuidade, conservação, ordem, harmonia e equilíbrio sociais. Todavia, uma corrente oposta a Durkheim e Parsons estaria constituída pela obra de Dewey e Mannheim. O ponto de partida desses últimos é que a educação constitui um mecanismo dinamizador das sociedades através de um indivíduo que promove mudanças. Para Dewey e Mannheim a sociedade se remodela através da educação, pois para Dewey é “impossível separar a educação do mundo da vida.” Por outro lado, Mannheim, a educação é uma técnica social, que tem por finalidade controlar a natureza e a história do homem e a sociedade, desse uma perspectiva democrática.
Entre ambas as correntes acima exposta, existe uma concordância: a educação constitui um processo de transmissão cultural no sentido amplo do termo. Aceitando-se esta perspectiva, o problema é: como a educação cumpre essa função e como se articula a outros mecanismos de reprodução social. Uma primeira investigação leva-nos a questionar qual é a função atribuída aos aparelhos ideológicos no processo de reprodução social. Neste ponto de vista é possível pensar que existe uma divisão entre os diversos agentes que desempenham tal trabalho social. Surge daí o conflito social proveniente da relação entre duas classes antagônicas que formam o conjunto social dos não-proprietários e dos proprietários. Mas explicar as dinâmicas sociais levando apenas isso em consideração sem cair no mero simplismo é um desafio, pois a sociedade é algo bem mais complexo e em sua interpretação deve-se introduzir não apenas a análise de suas instancias, como também, e fundamentalmente, a articulação entre as mesmas.
Gramsci analisa os aparelhos ideológicos e divide as superestruturas em duas esferas essenciais: a sociedade política e a sociedade civil. Esta constitui a maior parte da superestrutura e é formada por organismos chamados “privados”, enquanto aquela agrupa o parelho de Estado. A sociedade civil pode ser considerada sob três aspectos analiticamente diferentes e complementares: Como ideologia da classe dominante; como concepção do mundo e como direção ideológica da sociedade. Contudo analisando Bourdieu e Passeron, descobre-se que a sociedade se organiza não apenas a partir de bens econômicos, mas também a partir da produção de bens simbólicos, de habitus de classe, que, transmitidos fundamentalmente pela família, levam a que os indivíduos organizem um modo de vida e uma determinada concepção do mundo. Esta se baseia num princípio básico da humanidade: a distinção. É a mesma lógica da estrutura social. Agora a pergunta é: quem através de que mecanismos, reproduzem essas distinções simbólicas? Esses autores privilegiam a família como instituição reprodutora do sistema social. O sistema escolar reproduz a nível social, os diferentes capitais culturais das classes sociais e, por fim, as próprias classes sociais.
Assim, quando analisam a função ideológica do sistema escolar, Bourdieu e Passeron atestam a não-neutralidade do sistema educacional, ainda que esta lhes pareça um sistema autônomo. Assim, o sucesso ou fracasso das crianças na escola se explica pela distância de sua cultura ou língua em relação à cultura e à língua ensinada na escola.
Por fim, o autor também introduz o ponto de vista de Poulantzas sobre o papel da escola, no qual se privilegia como eixo de análise a divisão: trabalho intelectual/trabalho manual, como forma de analisar tanto a função ideológica como a de reprodução da força de trabalho anexa à mesma. Conclui Polantazas: “O principal papel da escola capitalista não é qualificar diferentemente o trabalho manual e o trabalho intelectual, mas muito mais, desqualificar o trabalho manual (sujeitá-lo), qualificando só o trabalho intelectual.

LUGAR DA ESCOLA E DO CURRÍCULO NA CONSTRUÇÃO DE UMA EDUCAÇÃO INTELECUTAL

Neste texto de Carlinda Leite, são feitas várias reflexões sobre o papel da escola, dos seus agentes e do currículo na construção de uma educação intercultural. A autora apresenta posições pessimistas como as de Althusser que defende a tese que a escola como está estruturada hoje é apenas um dispositivo de manutenção da estrutura social existente. Contudo, nos últimos tempos tem-se proclamado uma educação para todos, uma escola mais democrática. Perrenoud defende a ideia que “hoje o debate sobre a cultura deveria ser indissociável de um debate sobre a pedagogia”, pois ela é suscetível de se transformar mais depressa do que a própria cultura escolar. Para esta transformação, não podemos esquecer aspectos como conteúdos e programas escolares, materiais selecionados, organizações do tempo de do espaço que condicionam a estrutura do discurso pedagógico e privilegiam, desigualmente, as culturas dos alunos presentes no território escolar. As reformas dos anos 60 e 70, ao centrarem-se exclusivamente na dimensão pedagógica e ao esquecerem aspectos ligados ao mero currículo, pouco mais conseguiram do que o exercício de técnicas e procedimentos de ensino que favoreceram a aprendizagem da cultura escolar mas que não a transformaram nem aproveitaram a riqueza proveniente da diversidade. Atualmente, os princípios do direito à diferença e da igualdade de oportunidade exigem, a par de uma atenção à prática pedagógica, uma atenção aos processos de produção e valorização cultural.
Embora o discurso atual da educação seja o de defender o direito de todos e a busca da igualdade de oportunidades ao longo da história a escola tem sofrido uma lenta evolução nas concepções educativas em valorização a multiculturalidade. Também, os programas de compensação, que caracterizam um segundo tipo de resposta educativas à diversidade cultural presente nas escolas, reconhecem já a existência de diferentes culturas mas optam, na procura da igualdade e da eliminação de situações de discriminação, por submeter os alunos e alunas pertencentes aos grupos minoritários a processos e a estratégias de ensino que permitam superar aquilo que é considerado ser o seu “déficit”. É aos alunos e às suas características culturais e de origem que é atribuída a responsabilidade pelo sucesso ou fracasso escolar, e não ao sistema ou ao currículo escolar, em geral. Assim, afirma-se que toda a tradição escolar tem apontado para a valorização exclusiva dos produtos da cultura hegemônica pelo que não é fácil romper com essa situação presentes, na cultura escolar.
A autora defende a construção de espaços nas escolas e nas salas de aula onde haja crianças e jovens pertencentes a diferentes culturas, mas desde que sejam também criadas condições de oportunidades de troca e reciprocidade, pois diversidade sem igualdade é opressão. Para tanto, afirma que “o currículo não é um elemento inocente e neutro de transmissão desinteressada do conhecimento social.” Quanto ao papel do professor, afirma que historicamente os professores têm assumido papel de professor-transmissor de um currículo, ao invés de assumirem o de um “professorimplementador” ativo ou “professor-configurador”. Conclui que perante a diversidade dos alunos, um professor que desenvolve práticas que contemplam essas especificidades acredita nas vantagens que daí decorrem e transporta para a escola os saberes do quotidiano dos diversos grupos, trabalhando-os, não de forma esporádica e fragmentada, mas contextualizada e vivenciada por processos interagidos. Esta atitude educativa é, portanto, substancialmente da de um currículo “turístico”. Portanto, para os professores implementarem nas aulas o princípio da inclusão, terão não só de possuir conhecimentos sócio-culturais sobre os diversos grupos, mais também deverão ser capazes de utilizar esses conhecimentos na organização curricular e no ensino, para estimularem a aprendizagem dos alunos.

A IMPORTÂNCIA DA RELAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

Este artigo apresenta uma pesquisa de campo no intuito de fornecer base teórica para a discussão da relação família/escola/rendimento escolar. A pesquisa permitiu-se perceber que no ambiente escolar existem dois tipos de famílias: aquelas que demonstram interesse pela vida escolar de seus filhos e àquela que considera sua participação dispensável ou inadequada e procuram se omitir na vida estudantil de seus filhos. É claro que existem outros fatores que influenciam no sucesso escolar, mas em suma, os resultados da pesquisa mostram que alunos e alunas que não dispõem do envolvimento família na sua vida escolar estão constantemente sem motivação e na maioria das vezes possuem um baixo rendimento escolar ou um comportamento fora dos padrões da turma, indicando que provavelmente exista uma associação direta entre o envolvimento da família e seu arranjo enquanto organização social e o desempenho da criança ou adolescente na escola.
Refletindo sobre a relação família/escola, a autora afirma a necessidade de cada um compreender seu papel na educação: “A escola necessita saber que é uma instituição que complementa a família”; porém ambos devem ter princípios muito próximos para os benefícios do filho/aluno. Afirma ainda, que a construção dessa parceria é função inicial dos professores, pois, segundo ela, a família não está preparada para sequer enfrentar, quanto mais solucionar os problemas que os educadores de seus filhos lhe entregam nas reuniões.
A autora cita por diversas vezes o autor Içami Tiba para justificar a necessidade de a criança criar laços de afetividade na família. Que nela está a base do processo. Pois é nela que a criança vive suas maiores sensações de alegria, felicidade, prazer, amor, etc. “Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da família.”
Sabemos que muito tem sido transferido da família para a escola e com isso a escola vai abandonando seu foco e a família, por sua vez, vai perdendo a sua função. Além disso, a escola não deve ser só um lugar de aprendizagem, mas também um campo de ação no qual haverá continuidade da vida afetiva. A escola que funciona como quintal da casa poderá desempenhar o papel de parceira na formação de um indivíduo inteiro e sadio.
O sucesso dessa parceria escola/família se explica pelo fortalecimento de vínculos históricos que tanto na família quanto na escola. Os professores devem conhecer as dinâmicas internas e o universo sociocultural vivenciados pelos seus alunos para que possam respeitá-los, compreendê-los e tenham condições de intervirem no desenvolvimento destes. Tanto a família quanto a escola só pode ter um objetivo em comum com determinismo e persistência se souber como o educando/filho está no outro ambiente. Caso contrário, ambos caminharão de forma transversal ou cada um para um lado.
A necessidade de se construir uma relação entre escola e família, deve ser para planejar, estabelecer compromissos e acordos mínimos para que o educando/filho tenha uma educação com qualidade tanto em casa quanto na escola. Construindo uma parceria dando sustentação no papel da família no desempenho escolar dos filhos e o papel da escola na construção de personalidades autônomas.

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